Condições climáticas favoráveis garantem maior volume e qualidade superior dos frutos.

A safra da uva 2024/2025 no Rio Grande do Sul está superando as projeções iniciais e se destaca pela qualidade dos frutos e pelo volume acima da média. A expectativa de produção, que no início da vindima era de 700 mil toneladas, já foi revisada para 750 mil toneladas pelo Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS).

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) apresenta uma estimativa ainda maior, prevendo 860 mil toneladas. O cálculo considera diferentes destinações da produção, com cerca de 745 mil toneladas para transformação industrial, 100 mil toneladas para consumo in natura e 15 mil toneladas para produtos como geleias e doces.

O aumento em relação à safra anterior, que teve 541,5 mil toneladas, representa um crescimento de 38,5%. Segundo o presidente do Consevitis-RS, Luciano Rebelatto, o volume registrado neste ano supera a média das safras consideradas boas, que variam entre 700 mil e 750 mil toneladas.

Condições climáticas impulsionaram a safra
O desenvolvimento das parreiras ocorreu sem interferências climáticas adversas. O clima seco durante a colheita permitiu uma maturação mais uniforme, resultando em uvas com concentração elevada de açúcar e aromas mais intensos.

“Surpreendentemente, houve uma ótima brotação, com vigor das gemas e fertilidade dentro da média, além de cachos com tamanho e peso acima do esperado”, explica Enio Todeschini, engenheiro agrônomo da Emater de Caxias do Sul.
As chuvas registradas em maio de 2024, que impactaram outras culturas, não afetaram significativamente a produção de uva, pois as parreiras estavam em fase de dormência.

Impacto na produção de vinhos e sucos
A qualidade elevada da safra tem reflexo direto nos produtos derivados da uva, como sucos, vinhos e espumantes. O gerente agrícola da Vinícola Aurora, Maurício Bonafé, destaca que a coloração intensa dos frutos e o acúmulo de açúcares garantiram vinhos com maior potencial alcoólico e sucos com cores e sabores mais marcantes.

“Os vinhos deste ano terão mais expressão. Em comparação com a safra anterior, que trouxe produtos mais frutados e jovens, agora temos um perfil diferenciado, com mais estrutura”, afirma Bonafé.
Na Cooperativa Vinícola Garibaldi, o balanço da safra também é positivo. Segundo o presidente Oscar Ló, as condições climáticas favoreceram o equilíbrio entre açúcar e acidez, essencial para a produção de espumantes de alta qualidade. Além disso, o volume colhido possibilitou a produção de vinhos de guarda, que exigem um longo período de envelhecimento antes do consumo.

“As vinícolas que quiserem produzir vinhos de guarda terão uma excelente oportunidade com esta safra”, avalia Ló.
Safras de uva nos últimos 10 anos (em toneladas)
2015: 752.838

2016: 350.761

2017: 801.743

2018: 724.976

2019: 681.803

2020: 649.589

2021: 951.957

2022: 774.975

2023: 764.265

2024: 541.519

2025: 750.000 (estimativa)